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sexta-feira, 14 de junho de 2013


O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos, uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio.E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha. Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com 
TPM é perigosíssima! Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. 
Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. 
Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.

PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6º ano vol. 2 Caderno aluno p. 9, Caderno do Professor p. 18


Sequência Didática do texto Avestruz (Mário Prata)


Público Alvo: Alunos do 6° ano.

1) ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTOS DE MUNDO; ANTECIPAÇÃO E CHECAGEM DE HIPÓTESES.

- Questionamento sobre o que seria um avestruz:
- Já viram um avestruz?
-Quais informações vocês esperam encontrar no texto a partir desse título? (todas as ideias colocadas podem ser anotadas na lousa).

2) LOCALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES; COMPARAÇÕES DE INFORMAÇÕES E GENERALIZAÇÕES.

- Mostrar a imagem de um avestruz;

- Pedir que localizem as informações no texto:
a) nome científico:
b) altura:
c) peso:
d) asas:
e) patas (pé):

3) PRODUÇÃO DE INFERÊNCIAS.
Após a leitura realizada pelo professor, o aluno destacará no texto palavras as quais desconhecem o seu significado como: tpm, assemelha, gigolô. (o professor auxiliará o aluno para inferir estes sentidos no texto).
- Por que o avestruz seria “um erro da natureza”?

4) RECUPERAÇÃO DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO; DEFINIÇÃO DE FINALIDADES E METAS DA ATIVIDADE DA LEITURA.

- Propor o estudo das características da tipologia narrativa no texto:
a) narrador;
b) personagem;
c) espaço;
d) tempo;
e) enredo.

- Características do gênero crônica: tema do cotidiano, tom de humor.
a) Qual é o tema cotidiano abordado no texto?
b) Você consegue identificar o tom de humor no texto? Justifique.

5) PERCEPÇÃO DAS RELAÇÕES DE INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE;

- Levar um fragmento do texto de internet sobre avestruz:
“Características:
· Altura média: 2 a 2,5 m.
· Peso: de 100 a 150 kg.
· Velocidade: até 80 km/h.
· Expectativa de vida: 50 a 70 anos, sendo 20 a 30 anos de vida reprodutiva.

São aves polígonas e não migratórias. Adapta-se com facilidade e vive em áreas montanhosas, savanas ou planícies arenosas desérticas. Seus hábitos alimentares são onívoros, o avestruz come ervas, folhagem de árvores, arbustos e todo pequeno vertebrado e invertebrado que consiga capturar.

Embora não voe, por ter asas atrofiadas, as longas, fortes e ágeis pernas, permitem que ele atinja até a velocidade de 80 km/h com vento favorável (média de 65 km/h), pois em uma só passada cobre 4 a 5 metros. Além da velocidade máxima, tem também uma resistência impressionante, podendo viajar a 70 km/h durante 30 minutos. Tem o pescoço longo, a cabeça pequena, e tem dois dedos muito grandes (em cada pata) que se assemelham a cascos.”

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Avestruz).

- Pedir aos alunos que encontrem semelhanças entre os dois textos e transcrevam no caderno.

6) PERCEPÇÕES DE OUTRAS LINGUAGENS; ELABORAÇÃO DE APRECIAÇÕES ESTÉTICAS E/OU AFETIVA.

- O texto apresenta uma linguagem formal ou informal? Exemplifique.
- Seria correto uma criança pedir o que quiser de presente?
- Vocês já se depararam com uma situação semelhante de uma criança querer algo que não pode ter? Por que motivo? Relate o fato.




É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme.
 Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:" Você é a glicose do meu metabolismo.Te amo muito!Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher...E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
E de reperente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6


Sequência Didática do texto Meu Primeiro Beijo (Antônio Barreto)


Público Alvo: Alunos do 9° ano.

1) ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTOS DE MUNDO; ANTECIPAÇÃO E CHECAGEM DE HIPÓTESES.

Dividir a classe em grupos e solicitar uma pesquisa sobre:
- Autor: Antonio Barreto;
- Época e gênero literário do texto;
- Palavra beijo.

Depois ocorrerá a apresentação dos grupos.

2) LOCALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES; COMPARAÇÕES DE INFORMAÇÕES E GENERALIZAÇÕES.

- Leitura do texto pelo professor, na íntegra sem interrupções.

Promover uma roda de conversa discutindo-se:
- A qual primeiro beijo o personagem está se referindo?
- Quem já deu o primeiro beijo?
- Este momento de sua vida foi idealizado ou não?

3) PRODUÇÃO DE INFERÊNCIAS.

- Qual o significado de “perdigotos” no texto?
- Por que o rapaz é chamado de “cultura inútil”?

4) RECUPERAÇÃO DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO; DEFINIÇÃO DE FINALIDADES E METAS DA ATIVIDADE DA LEITURA.

- Identifique no texto o parágrafo onde acontece o beijo, transcreva-o no seu caderno.
- O personagem descreve um turbilhão de sensações a partir de sua experiência com o primeiro beijo. Você já as vivenciou num outro contexto?

5) PERCEPÇÃO DAS RELAÇÕES DE INTERTEXTUALIDADE E INTERDISCURSIVIDADE.

- Apresentar um fragmento do texto “ O primeiro beijo” (Clarice Lispector) , para que o aluno, individualmente, individualmente, promova a intertextualidade.

"Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher.
- Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros."

- Questionar ao aluno se perceberam no texto outro discurso (Ciências). Solicitar que o encontre e transcreva-o no caderno.

6) PERCEPÇÕES DE OUTRAS LINGUAGENS; ELABORAÇÃO DE APRECIAÇÕES ESTÉTICAS E/OU AFETIVA.

- Quais os sentimentos provocados pela leitura do texto?
- Na sua opinião há situações/ locais em que o beijo é inadequado? Especifique.
- Propor a realização de uma produção de texto sobre o tema gerador : “Ficar” a partir da pesquisa em verbete de dicionário.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-­se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes,as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve­-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente.Bateu com as chaves do carro no balcão,acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos,pôs­-se de pé.
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é?Agente...
—Estou compressa, seu Raul!—atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. — Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lances de uma escada vacilante.Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado,olharam­no com curiosidade:
—Aqui,meu bem!—uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda­roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel
correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem,deu corda e colocou-­o na-mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro,tirou o casaco e os sapatos,afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho,deitou­-se e fechou os olhos.Dormir.
Em pouco,dormia. Lá embaixo,acidade: os automóveis buzinando,os jornaleiros gritando,os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou­-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia;sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as
pernas, corriam. Samuel mexia-­se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou­-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-­lo com a lança. Esvaindo-­se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor.Depois,silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama,correu para a bacia,lavou-­se.Vestiu-­se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona,o gerente lia uma revista.
—Já vai,seu Isidoro?
— Já — disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem,seu Isidoro—disse o gerente.
—Não sei se virei—respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
— O senhor diz isto, mas volta sempre — observou o homem, rindo. Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa."
SCLIAR, Moacyr.In:BOSI,Alfredo.Oconto brasileiro contemporâneo.SãoPaulo: Cutrix,1997

Sequência Didática do texto Pausa (Moacyr Scliar)

Público Alvo: Alunos do 9° ano.

1) ATIVAÇÃO DE CONHECIMENTOS DE MUNDO; ANTECIPAÇÃO E CHECAGEM DE HIPÓTESES.

Promover interação com os alunos que, em grupo, iniciem uma discussão sobre o texto.
- Com que intenção o autor teria dado o título PAUSA ao texto?
- Qual seria seu tema?
- Qual seria a tipologia e o gênero textual?

2) LOCALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES; COMPARAÇÕES DE INFORMAÇÕES E GENERALIZAÇÕES.

Ainda em grupo e após a leitura e constatação ou não das hipóteses apresentadas, (sentido do título, tema, tipologia e gênero textual) propor a questão:
- Por que a personagem principal teria saído de casa?
- Por que o gerente do hotel o chama Samuel de Isidoro?

3) PRODUÇÃO DE INFERÊNCIAS.

- Questionar aos grupos se conhece os vocábulos que estão fora de seu contexto como: cais, chambre, cenho etc.
- Pedir aos grupos que infiram o sentido destas palavras no texto por meio da contextualização. Posteriormente, apresentando-lhes o sentido correto delas.

4) RECUPERAÇÃO DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO; DEFINIÇÃO DE FINALIDADES E METAS DA ATIVIDADE DA LEITURA.

- Pedir para que o grupo apresente-nos um final para o texto.
- Propor a reescrita do texto, em grupo, modificando o foco narrativo para 1ª pessoa, seja a mulher ou o homem narradores participantes.

5) PERCEPÇÃO DAS RELAÇÕES DE INTERTEXTUALIDADE.

- Promover a intertextualidade na relação temática, estabelecendo comparação com o texto Circuito Fechado (Ricardo Ramos) ou com a música Cotidiano ( Chico Buarque).

Circuito Fechado ( Ricardo Ramos)


Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Cotidiano (Chico Buarque)

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

6) PERCEPÇÕES DE OUTRAS LINGUAGENS; ELABORAÇÃO DE APRECIAÇÕES ESTÉTICAS E/OU AFETIVA.

- Propor um debate entre os grupos que:
a) Incentive a busca dos sentidos conotativos que o texto apresenta, com ênfase maior durante o sonho da personagem principal.
b) Levante as ambiguidades e temáticas associadas como problemas econômicos, psicológicos, homossexualidade e/ou valorização da família.
- Para a finalização do trabalho, pedir a realização de cartazes com as temáticas abordadas.
domingo, 2 de junho de 2013


 


Minha história como leitora começou com gibis e nesta fase de 11 anos também comecei a escrever por lazer. Lembro-me que gostaria de trocar textos com minhas amigas e cheguei a propor que produzissem textos para que eu pudesse lê-los, pois na época era muito difícil o acesso a livros e quando via um, ficava maravilhada e ansiosa para devorá-lo. O encantamento pela linguagem literária e sua produção começou cedo, amava escrever poesias. O meu primeiro livro de romance foi Violetas na Janela de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho e confesso que li muitos livros psicografados até iniciar a faculdade de letras, no ano de 2000, a qual encantei-me com os clássicos da literatura brasileira como A hora da estrela (Clarice Lispector), portuguesa como A relíquia (Eça de Queirós) e hispânica como La Invención de Morel (Adolfo Bioy Casares ) que me fascinou. Já comecei a escrever romances e diários, muitos foram para o lixo. Atualmente estou escrevendo contos de mistério e fantasia ,  crônicas e poesia. Também irei reservar este espaço para algumas frases, poesias minhas. (Ana Cristina)



 

 

 

Escrever liberta a alma
Quando escrevo, me encontro
liberto-me de prisões e tristezas
navego em profundezas
da realidade ao sonho
deparo-me com "eus"
reflexiono pessoas
preencho-me.